quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando." (Vinícius de Moraes)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

valentine's Day


O que significa a vida pra mim


Esta é a minha perspectiva. Vejo à frente um tempo em que o homem deverá caminhar para alguma coisa mais valiosa e mais elevada que seu estômago, quando haverá maiores estímulos para levar os homens à ação que o incentivo de hoje, que é o incentivo do estômago. Acredito que a doçura e o despojamento espiritual vão superar a gula grosseira dos dias de hoje. E, no fim de tudo, minha fé está na classe trabalhadora. Como diz um francês: a escada do tempo está sempre ecoando como um tamanco subindo e uma bota engraxada descendo. (Jack London - O que a vida significa pra mim)

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

PRESENTE DE ANIVERSÁRIO



Eu quero te dar
O limite das Praças
Ruas e Vielas
As fronteiras do Mundo
Imaginário ou real
Com seus Amuletos e adornos de prata

Eu quero te dar
O umbigo da terra
A primavera presente

A lembrança distante
Reordenar as entranhas
Desajustar os relógios
Gaseificar o instante

Não se permita duvidar do sonho
Nem ser descrente do riso
Que preenche o horizonte
Tal qual faz com a vida.

Discurso no mercado do desemprego


Samih Al-Qassim

Talvez perca — se desejares — minha subsistência
Talvez venda minhas roupas e meu colchão
Talvez trabalhe na pedreira... como carregador... ou varredor
Talvez procure grãos no esterco
Talvez fique nu e faminto mas não me venderei
Ó inimigo do sol
E esta é a última pulsação de minhas veias
Resistirei
Talvez me despojes da última polegada da minha terra
Talvez aprisiones minha juventude
Talvez me roubes a herança de meus antepassados
Móveis... utensílios e jarras
Talvez queimes meus poemas e meus livros
Talvez atires meu corpo aos cães
Talvez levantes espantos de terror sobre nossa aldeia
Mas não me venderei
Ó inimigo do sol
E até a última pulsação de minha veia
Resistirei
Talvez apagues todas as luzes de minha noite
Talvez me prives da ternura de minha mãe
Talvez falsifiques minha história
Talvez ponhas máscaras para enganar meus amigos
Talvez levantes muralhas e muralhas ao meu redor
Talvez me crucifiques um dia diante de espetáculos indignos
Mas não me venderei
Ó inimigo do sol
E até a última pulsação de minha vida
Resistirei
Ó inimigo do sol
O porto transborda de beleza... e de signos
Botes e alegrias
Clamores e manifestações
Os cantos patrióticos arrebentam as gangorras
E no horizonte... há velas
Que desafiam o vento... e a tempestade e franqueiam os obstáculos
É o regresso de Ulisses
Do mar das privações
O regresso do sol... de meu povo exilado
E para seus olhos
Ó inimigo do sol
Juro que não me venderei
E até a última pulsação de minhas veias
Resistirei
Resistirei
Resistirei